A
vida é uma longa viagem em direcção a casa.
Lembro-me
de ter lido esta frase num livro, e de me perguntar ‘’qual casa?’’
Qual
é esta casa para onde todos nos dirigimos e porquê lá? Porquê este destino?
Nunca
consegui encontrar esta resposta e, para ser honesta, não quero descobrir. Porque
sei que, se descobrir, vou deixar de tentar, vou deixar de procurar... A
graça desta viagem está no desconhecido, no facto de ter sempre uma ponta de
mistério em cada revelação.
Na
verdade, é isso que faz de mim uma escritora. Eu não sou escritora porque
escrevo prosa ou poesia, sou escritora porque sinto as emoções a flor da pele.
Sou escritora porque quero sempre saber mais do que aquilo que me é permitido,
sou escritora porque me permito viver outras vidas, sentir outros cheiros e
chorar lágrimas que não existem. Sou escritora porque nasci assim, porque a
minha mente não me permite mentir e fugir da própria natureza. Sou escritora
porque cada respirar é movido pelo desejo incansável de me expressar e dar voz
àqueles que se calaram.
Quando
me perguntam por que é que decidi escrever, eu não encontro respostas porque
isso não foi uma decisão. Não é o homem que escolhe as letras, são as letras
que escolhem o homem. E não escolhem de forma suave, é como se te apontassem
uma arma na cabeça e não te dessem escolha: ou escreves, ou morres. É assim que
me sinto. Eu só vivo quando escrevo. Eu só percebo a vida quando escrevo. Eu só
me conheço quando escrevo.
Desde
muito nova fui curiosa e sabia que o meu coração pertencia a tudo menos coisas
exactas. Já quis ser filósofa, professora, antropóloga e actriz. Penso que
consegui realizar os 3 e sou hoje uma espécie que transmite filosofias de meia tigela,
contando histórias verdadeiras que são inventadas e a vestir máscaras para se
expressar.
Eu digo
que aprendi coisas suficientes para a idade que tenho, nem todas eu vivi mas
senti. O que os outros querem para nós,
nem sempre é o que nós queremos para nós mesmos e não é errado seguir o nosso
próprio caminho. Não é errado dizer: ‘’eu aceito o teu amor, mas recuso-me a sonhar os teus sonhos.’’ Não é errado pedir que te soltem o braço e dar dois
passos para frente. É permitido ser
livre. É permitido ser quem foste destinado para ser.
Não
me enquadro em muitas áreas, e aprendi que não me devo sentir desmerecida,
inferior ou culpada por não perceber sobre todos os assuntos.
Sei, simplesmente, que há coisas que não são pra nós. O desporto e a dança, por exemplo, não são para mim.
Graças
a literatura, eu aprendi a aceitar-me como sou, a agir mais de mim para mim
mesma e a reconhecer-me como o único agente capaz de trazer mudança para o
mundo onde existo.
Eu
assumo, que a escrita salvou a minha vida. Ajudou-me a encontrar caminhos
inexistentes, a ver luz onde só havia abismo. Graças
a ela conheci pessoas maravilhosas, passei por situações únicas e estou aqui,
hoje, de coração aberto a encorajar-vos a viveram as vossas paixões.
Dia 13 foi o evento de lançamento do meu segundo filho, Met(amor)fose. Agradeço-vos pela presença e... abracem os vossos sonhos. nunca é tarde demais, nunca é cedo ainda, sempre é hora certa!