Porque chorar o riso que transborda do coração é só o que me resta.
Acolher o tempo, ser paciente com o chega perto do peito. Eu me vejo na entrega
constante, doando demais o que é tão pequeno dentro de mim, e que se expande
aos outros. Eu me sinto tão pálido na paisagem de breu que criam ao meu redor
-- que mundo é esse? E que felicidade é essa tão difícil que não me deixa sorrir?
O mundo não me deixa sorrir. Eu vejo flores, vejo luzes, vejo rostos que
sorriem bonitos, vejo a paz de uma folha que recebeu o orvalho, vejo, enfim, a
beleza que me roubam todos os dias. Não, não... eu mesmo só pego emprestado,
porque devolvo de volta, e com juros, o meu coração limpo. Estou tão cansado de
procurarem pelo o meu rosto, quando o que quero mostrar não está na superfície.
E me pergunto se a felicidade que arrastam pelas ruas é a que querem, a que
merecem, a que aprenderam a ter, aquela que sequer jamais procuraram descobrir.
Não é um labirinto, não há ninguém perdido -- apenas confusos, cegos pela falta
da luz. Impassíveis. O mundo em que vivem, pelo qual eu não sorrio, não é real.
Autor: Geraldo Gomes